Missões estratégicas: Por que alguns povos devem ser priorizados em relação a outros
- Rodrigo Tinoco
- há 3 dias
- 4 min de leitura
Entendendo o coração de Deus para o avanço estratégico do Evangelho
Se você já se sentiu chamado a apoiar missões ou se perguntou como orar de maneira mais eficaz pela evangelização global, este texto ajudará você a pensar estrategicamente sobre onde estão as maiores necessidades no mundo.
A maioria de nós entende missões como compartilhar o evangelho com pessoas em outros países, outras culturas — e isso está correto! Contudo, ao mergulharmos mais fundo no coração de Deus para as nações, descobrimos que alguns lugares e povos devem receber atenção prioritária quando se trata de enviar missionários e recursos.
Aprendendo com exemplos bíblicos e modernos
O missiólogo Ted Esler escreveu um artigo marcante destacando esse princípio, baseando-se no trabalho fundamental de Ralph Winter feito há cinquenta anos. Esler observa que a ênfase bíblica em “discipular as nações” (Mateus 28.19-20) não se refere apenas a geografia — trata-se de alcançar povos distintos. Ele lembra que o apóstolo Paulo priorizou pregar “onde Cristo ainda não fora anunciado” (Romanos 15.20), concentrando-se em Povos Não Alcançados em vez de fortalecer igrejas já existentes.
Esse padrão bíblico revela uma verdade importante: embora cada indivíduo seja igualmente valioso e igualmente perdido sem Jesus Cristo, os povos apresentam níveis variados de exposição e resposta ao evangelho. Alguns contam com comunidades cristãs vibrantes, enquanto outros praticamente não têm nenhuma presença do evangelho.
O que é exatamente um Povos?
Antes de podermos priorizar efetivamente, precisamos entender o que queremos dizer com "povo". Segundo a reunião de Chicago do Comitê de Lausanne de 1982:
“Para fins de evangelização, um povo é o maior grupo dentro do qual o evangelho pode se espalhar como um movimento de plantio de igrejas sem encontrar barreiras de compreensão ou aceitação.”
Ou seja, um povo compartilha língua, cultura e conexões sociais que permitem que o evangelho se propague naturalmente entre seus membros (por exemplo, um grupo étnico, uma casta ou uma comunidade tribal). Onde as pessoas podem ouvir o evangelho na língua de preferencia, de alguém que entende seu contexto cultural.
Medindo o progresso do evangelho: a “Escala de Progresso” do Projeto Josué
Como o evangelho alcançou alguns povos mais rapidamente do que outros, precisamos de uma maneira de mensurar e compreender essas diferenças. A Escala de Progresso do Projeto Josué nos ajuda a evitar pensar em alcançado / não alcançado como apenas um botão liga / desliga. Em vez disso, ela reconhece cinco níveis distintos de progresso do evangelho:

Nível 1 – Povos Não Alcançados (< 2 % evangélicos, acesso limitado)
1B. Povos Não Alcançados de Fronteira (FPGs)
0,1 % ou menos de cristãos; nenhum movimento de plantação de igrejas confirmado
1A. Povos Não Alcançados não de fronteira
Entre 1 em 1 000 e 2 em 100 pessoas evangélicas
Nível 2 – Minimamente alcançado
Poucos evangélicos, mas número significativo que se diz cristão
Nível 3 – Superficialmente alcançado
Poucos evangélicos, muitos “nominais”; grande necessidade de renovação
Nível 4 – Parcialmente alcançado
Presença modesta de evangélicos (1 em 50 – 5 em 50)
Nível 5 – Amplamente alcançado
> 10 % evangélicos, amplo acesso ao evangelho
Essa escala nos ajuda a ver que o avanço do evangelho não é binário — é uma progressão de nenhum acesso ao acesso total.
O foco estratégico: Povos Não Alcançados de Fronteira (FPGs em inglês)
No Projeto Josué, nosso foco mais estratégico está centrado nos Povos Não Alcançados de Fronteira (FPGs em inglês) — aqueles no Nível 1 na escala de progresso. Esses grupos representam a maior necessidade do evangelho porque têm:
0,1% ou menos de adeptos cristãos (menos de 1 em cada 1.000 pessoas). Nenhum movimento de plantio de igrejas local confirmado e sustentado. Aqui está a principal conclusão: todos os Povos Não Alcançados de Fronteira são não alcançados, mas nem todos os povos não alcançados são da fronteira. Os Povos Não Alcançados de Fronteira (FPGs em inglês) representam os campos missionários mais desafiadores e negligenciados do planeta.
Atualmente, há aproximadamente 4.839 Povos Não Alcançados de Fronteira (números por “Povos por país” em inglês – “People Groups In Countries” PGIC) representando quase 2 bilhões de pessoas que essencialmente não têm acesso ao evangelho de uma forma culturalmente relevante (junho de 2025).

Por que isso importa para suas orações e ofertas
Compreender essa estrutura transforma a forma como abordamos o apoio às missões. Em vez de distribuir nossas orações e recursos igualmente entre todos os esforços missionários, podemos nos concentrar estrategicamente nas áreas de maior necessidade e oportunidade.
Ao priorizarmos os Povos Não Alcançados de Fronteira, seguimos tanto o precedente bíblico quanto a sabedoria prática. Essas comunidades precisam desse avanço inicial no Evangelho — o plantio das primeiras igrejas que possam então se multiplicar organicamente em sua cultura.
Principais conclusões para o engajamento em missões estratégicas
Ao considerar como se envolver de forma mais estratégica com missões globais, aqui estão os pontos essenciais a serem lembrados:
1. Priorize os Povos Não Alcançados de Fronteira (FPGs) em Suas Orações: Faça dos FPGs uma parte regular de sua vida de oração. Esses 2 bilhões de pessoas têm o menor acesso ao evangelho e a maior necessidade de avanço inicial.
2. Apoie Organizações Focadas em FPGs: Ao doar para missões, priorize organizações e missionários que trabalham especificamente com FPGs. Pergunte às agências missionárias sobre sua estratégia para Povos Não Alcançados de Fronteira.
3. Defenda o Foco Estratégico: Ajude sua igreja e comunidade cristã a entender a importância de priorizar os menos alcançados. Compartilhe esta estrutura com outras pessoas que se importam com a evangelização global.
4. Pense no Impacto a Longo Prazo: Lembre-se de que alcançar Povos Não Alcançados de Fronteira cria a base para movimentos de plantio de igrejas locais, que podem então alcançar seu próprio povo com mais eficácia do que missionários de fora jamais conseguiriam.
A Grande Comissão nos chama a discipular todas as nações — e isso requer pensamento estratégico sobre onde o evangelho ainda não criou raízes. Ao priorizar os Povos Não Alcançados de Fronteira, estamos investindo nos lugares com maior necessidade e potencial para o impacto mais significativo no reino.
Para mais informações sobre os Povos Não Alcançados de Fronteira e missões estratégicas, acesso o website do Projeto Josué: https://joshuaproject.net
Texto adaptado por: Rodrigo Tinoco
2025-junho
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